quinta-feira, 25 de junho de 2015

O Direito de Ir e Vir

Cada indivíduo tem o direito de ir e vir. Ir para um belo lugar, onde, da varanda da casa, seja possível avistar o mar e os pássaros a sobrevoá-lo. Eles, os pássaros, também receberam esse direito. Estão em toda parte, nada os prende. Assim é a vida, assim foi estabelecido em algum momento.

Às vezes, surge a vontade de modificar esse direito de ir e vir. Uma mãe que não deseja ver o fim da vida prematura de seu filho, impede-o de ir à guerra, por exemplo. Um pai também impede que seu filho viaje a terras distantes e estranhas, sendo esse ainda seu dependente. Entretanto, um irmão mais velho dificilmente conseguirá impedir o mais jovem de fazer o mesmo. Tirar o direito de ir e vir do indivíduo não é tarefa das mais fáceis.

Um homem apaixonado pode até tentar impedir que sua amada se vá e deixe-o, mas ele não conseguirá, pois ela possui o direito de ir onde quiser, de estar com quem quiser. E possui ainda o direito de voltar para onde já esteve. Ninguém pode destituí-lo, nem mesmo um coração apaixonado.

E pensando bem direitinho, é bom que assim seja. Já pensou como seria ruim se aquele mesmo homem prendesse a sua amada e a obrigasse permanecer ao seu lado, contra sua vontade? Ele teria a amada, mas jamais o seu amor. Viveria com um espectro do que fora a sua felicidade.

É também assim que acontece com os pássaros que vivem presos em gaiolas. Alguns, que outrora cantarolavam lindas melodias, vivem de um galho para o outro, esquecem-se de voar. Presos na grade, passam a ver, através delas, a liberdade que nasceram para ter.

Falar dos pássaros fez lembrar o Beija-Flor. Muitas pessoas dão ao Beija-Flor o direito de ir e vir. Colocam em suas janelas um objeto onde fica preso uma flor, ou algo parecido, e o pássaro vai lá, dá uma bicada, faz aquele balançar de asas maravilhosamente lindo, e se vai. A pessoa que criou aquele objeto merece um prêmio. Dá ao pássaro o prazer de bicar o alimento e proporciona ao ser humano o privilégio de assistir a um espetáculo da natureza.

As pessoas, os pássaros, os animais não nasceram para serem presas. Quem os criou deu-lhes o livre arbítrio e a liberdade. Tudo é permitido, mas nem tudo convém. É preciso saber qual caminho é o melhor a seguir, qual caminho trará mais benefícios, qual caminho levará à verdadeira felicidade.

Retira-se o direito de ir e vir apenas àqueles que não têm responsabilidade com a vida do outro, contraventores da lei. Apenas.

Se um pássaro está triste em sua gaiola, se ele não canta mais, se já se esqueceu até de andar, solte-o. Se alguém não está ao seu lado por conta própria, deixe que se vá. Aprisionar alguém contra sua vontade pode acabar lhe aprisionando também a algo que jamais lhe fará feliz.

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