segunda-feira, 1 de junho de 2015

Eu apenas queria que vocês soubessem



Eu começo a escrever pedindo licença aos meus amigos médicos/terapeutas que trabalham com relações comportamentais, pois se tratará aqui do ensaio de análise de relacionamentos, ou o que poderia ser. Eu não sou Psicóloga. Sou formada em Jornalismo pela Universidade do Estado da Bahia. Mas desde muito nova aprendi a ser amiga: escutar, escutar, escutar, escutar, escutar, escutar; dar a minha opinião sobre seus problemas e conseguir transformar as lágrimas em sorrisos. Penso que sempre fui boa nisso.

Eu nunca tive muito quem fizesse isso por mim. Não que eu não tenha tido amigas. Eu sempre tive as melhores! Mas é que sou mais de ouvir mesmo. Talvez eu tivesse vergonha de me expor tanto, ou medo de ser mal interpretada. Ou, ainda, tendo sofrido tanto buling de Maria Olívia e Candite Luanna (minhas irmãs de alma) a falarem de meus “dramas”, tenha sufocado a necessidade de desabafar sobre eles.

Acontece que ultimamente eu tenho ouvido muito, de muitas delas, sobre um mesmo tema: sentimentos mal correspondidos. Isso mesmo, mal. Há um sentimento nas relações, mas não tem sido correspondido na mesma intensidade. “Eu não consigo entender. Ele veio atrás de mim, ele quem me quis, e agora some? O que você acha que ele quer?”; “Maga, ele sumiu, nunca mais me ligou. Será que eu fiz alguma coisa errada”; “Amiga, ele está estranho, meio frio. Será que o relógio já vai mudar?”; “Mai, me ajude, não sei o que fazer. Estava tudo bem, a gente estava se entendendo, tudo numa boa, e agora ele não responde no whatsapp, não me atende no celular. Você acha que eu devo ligar?”; “Mai, você acha que eu estou certa em desistir, ou devo tentar mais um pouco?”.

Meninas, eu também tenho questionamentos parecidos com esses, embora eu pareça, após os conselhos, não ter problema algum. Acho que só uma de vocês já me ouviu falar em algo parecido. Mas, tranquilizem-se, vocês não estão sozinhas! E apesar de não colocar o nome de nenhuma aqui, sei que irão se reconhecer.

Alguma coisa está errada. Parece que nós, mulheres, buscamos tanto uma igualdade de valores, uma igualdade nas relações, mas não estamos dando conta do resultado. É que a nossa essência não foi modificada. Ainda somos sensíveis. Ainda nos sentimos mal se saímos com um cara numa noite e ele não nos liga na manhã seguinte. Ainda nos sentimos desprezadas se estamos “ficando” com alguém durante... duas semanas, e ele deixa de mandar mensagem (Sim, porque em tempos de whatsapp, quem recebe ligação é a pessoa mais sortuda do mundo!). Ainda nos apaixonamos com pequenos gestos. Ainda sonhamos em ter o “príncipe que nos conduzirá ao altar e com quem seremos felizes para sempre”. Nós não deixamos de ser mulheres, nem quando temos predileção por outras mulheres.

É preciso analisar a medida que você está dando ao seu relacionamento. Ora, você não pode dar tanta atenção a um cara que já está lhe mostrando o que quer. Não se enganem, todos os eles dão os sinais! Se ele quer namorar você, vai fazer de tudo para lhe ter. Vai te paquerar, vai insistir para que saiam outra vez, vai estar presente em algum momento que é importante pra você, vai te mandar mensagem no dia seguinte, vai ser gentil, vai olhar mais para seus olhos e seus lábios, vai te ouvir, vai sorrir de suas piadas, vai lhe contar seus segredos, vai ser seu amigo e desabafar sobre o dia, vai segurar em sua mão... E vai continuar a agir assim sempre. Se ele não quer, ele vai fazer algumas dessas coisas aí de cima, mas você vai perceber o momento em que já não é mais a rota principal.

E é aí que entra a parte do sentimento que temos por nós mesmas. Se o cara está lhe dando todos os sinais de que não quer nada mais sério com você, então você terá duas opções: continuar a ser conveniente a ele ou cair fora. Ou você pode usar as duas opções em uma semana (Nada de perder muito tempo!). Mas tome uma atitude. Não tenha medo de analisar sua própria situação. Ninguém saberá mais sobre essa relação do que você mesma, então tenha coragem e decida se continua no barco até ele afundar de vez ou se vai nadar para não morrer afogada na própria ilusão. Vai ver que você nem está apaixonada por ele de verdade, vai ver que é apenas carência. A carência nos engana a todo instante. E ele não é exatamente um culpado. A gente não pode dar aquilo que não tem, nem ele.

Recomeçar é necessário em todos os dias de nossas vidas. Então não se prive de conhecer outra pessoa e fazer um novo começo. E se mais uma vez não der certo, recomeçar. Pode parecer que é uma dor absurda se desfazer dessa história que você já construiu, mesmo que sozinha, mas dor maior será perceber que o tempo passou e você não teve coragem de construir a sua verdadeira história de final feliz. Vai que seu príncipe encantado lhe encontra no caminho para a padaria, ou na balada do sábado, ou no banco da Igreja?!

Ah! E não se acanhem em me procurar mais e mais vezes para desabafar seus corações. Eu também estou aqui para isso.


_________________________________________________________________________________

Ramáiana Leal é Jornalista, formada pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Trabalha como Assessora de Comunicação da Prefeitura Municipal de Juazeiro e gosta de brincar com as palavras nos momentos em que os pensamentos lhe consomem. Nascida da união entre uma Professora e um Músico, cresceu em meio a textos e canções, o que resultou numa vida redigida com trilha sonora. Tem ainda cinco irmãos que, segundo ela, formam o lar mais amoroso que existe neste planeta.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário