Eu começo a escrever pedindo
licença aos meus amigos médicos/terapeutas que trabalham com relações
comportamentais, pois se tratará aqui do ensaio de análise de relacionamentos,
ou o que poderia ser. Eu não sou Psicóloga. Sou formada em Jornalismo pela
Universidade do Estado da Bahia. Mas desde muito nova aprendi a ser amiga:
escutar, escutar, escutar, escutar, escutar, escutar; dar a minha opinião sobre
seus problemas e conseguir transformar as lágrimas em sorrisos. Penso que
sempre fui boa nisso.
Eu nunca tive muito quem fizesse
isso por mim. Não que eu não tenha tido amigas. Eu sempre tive as melhores! Mas
é que sou mais de ouvir mesmo. Talvez eu tivesse vergonha de me expor tanto, ou
medo de ser mal interpretada. Ou, ainda, tendo sofrido tanto buling de Maria
Olívia e Candite Luanna (minhas irmãs de alma) a falarem de meus “dramas”,
tenha sufocado a necessidade de desabafar sobre eles.
Acontece que ultimamente eu tenho
ouvido muito, de muitas delas, sobre um mesmo tema: sentimentos mal
correspondidos. Isso mesmo, mal. Há um sentimento nas relações, mas não tem
sido correspondido na mesma intensidade. “Eu não consigo entender. Ele veio
atrás de mim, ele quem me quis, e agora some? O que você acha que ele quer?”;
“Maga, ele sumiu, nunca mais me ligou. Será que eu fiz alguma coisa errada”; “Amiga,
ele está estranho, meio frio. Será que o relógio já vai mudar?”; “Mai, me
ajude, não sei o que fazer. Estava tudo bem, a gente estava se entendendo, tudo
numa boa, e agora ele não responde no whatsapp, não me atende no celular. Você
acha que eu devo ligar?”; “Mai, você acha que eu estou certa em desistir, ou
devo tentar mais um pouco?”.
Meninas, eu também tenho
questionamentos parecidos com esses, embora eu pareça, após os conselhos, não
ter problema algum. Acho que só uma de vocês já me ouviu falar em algo
parecido. Mas, tranquilizem-se, vocês não estão sozinhas! E apesar de não
colocar o nome de nenhuma aqui, sei que irão se reconhecer.
Alguma coisa está errada. Parece
que nós, mulheres, buscamos tanto uma igualdade de valores, uma igualdade nas
relações, mas não estamos dando conta do resultado. É que a nossa essência não
foi modificada. Ainda somos sensíveis. Ainda nos sentimos mal se saímos com um
cara numa noite e ele não nos liga na manhã seguinte. Ainda nos sentimos
desprezadas se estamos “ficando” com alguém durante... duas semanas, e ele
deixa de mandar mensagem (Sim, porque em tempos de whatsapp, quem recebe
ligação é a pessoa mais sortuda do mundo!). Ainda nos apaixonamos com pequenos
gestos. Ainda sonhamos em ter o “príncipe que nos conduzirá ao altar e com quem
seremos felizes para sempre”. Nós não deixamos de ser mulheres, nem quando
temos predileção por outras mulheres.
É preciso analisar a medida que
você está dando ao seu relacionamento. Ora, você não pode dar tanta atenção a
um cara que já está lhe mostrando o que quer. Não se enganem, todos os eles dão
os sinais! Se ele quer namorar você, vai fazer de tudo para lhe ter. Vai te
paquerar, vai insistir para que saiam outra vez, vai estar presente em algum
momento que é importante pra você, vai te mandar mensagem no dia seguinte, vai
ser gentil, vai olhar mais para seus olhos e seus lábios, vai te ouvir, vai
sorrir de suas piadas, vai lhe contar seus segredos, vai ser seu amigo e
desabafar sobre o dia, vai segurar em sua mão... E vai continuar a agir assim
sempre. Se ele não quer, ele vai fazer algumas dessas coisas aí de cima, mas
você vai perceber o momento em que já não é mais a rota principal.
E é aí que entra a parte do
sentimento que temos por nós mesmas. Se o cara está lhe dando todos os sinais
de que não quer nada mais sério com você, então você terá duas opções:
continuar a ser conveniente a ele ou cair fora. Ou você pode usar as duas
opções em uma semana (Nada de perder muito tempo!). Mas tome uma atitude. Não
tenha medo de analisar sua própria situação. Ninguém saberá mais sobre essa
relação do que você mesma, então tenha coragem e decida se continua no barco
até ele afundar de vez ou se vai nadar para não morrer afogada na própria
ilusão. Vai ver que você nem está apaixonada por ele de verdade, vai ver que é
apenas carência. A carência nos engana a todo instante. E ele não é exatamente
um culpado. A gente não pode dar aquilo que não tem, nem ele.
Recomeçar é necessário em todos
os dias de nossas vidas. Então não se prive de conhecer outra pessoa e fazer um
novo começo. E se mais uma vez não der certo, recomeçar. Pode parecer que é uma
dor absurda se desfazer dessa história que você já construiu, mesmo que
sozinha, mas dor maior será perceber que o tempo passou e você não teve coragem
de construir a sua verdadeira história de final feliz. Vai que seu príncipe
encantado lhe encontra no caminho para a padaria, ou na balada do sábado, ou no
banco da Igreja?!
Ah! E não se acanhem em me
procurar mais e mais vezes para desabafar seus corações. Eu também estou aqui
para isso.
Ramáiana Leal é Jornalista,
formada pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Trabalha como Assessora de
Comunicação da Prefeitura Municipal de Juazeiro e gosta de brincar com as
palavras nos momentos em que os pensamentos lhe consomem. Nascida da união
entre uma Professora e um Músico, cresceu em meio a textos e canções, o que
resultou numa vida redigida com trilha sonora. Tem ainda cinco irmãos que,
segundo ela, formam o lar mais amoroso que existe neste planeta.
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