Todos os dias, antes de começar a
trabalhar, gosto de ler alguns sites. Leio as notícias principais e vou
descendo o mouse. Hoje de manhã li uma frase de uma atriz que falava sobre
maternidade e casamento: “essa geração é descartável”. Titubeei um pouco se clicava
em cima da manchete, mas tive interesse de saber o porquê, embora, intimamente,
soubesse do que ela iria falar.
Geração descartável. Eu sou essa
“geração de hoje”, mas não sou descartável. Ou será que sou? Nunca havia
prestado atenção nisso. Já até julguei outras pessoas de viverem descartando-se
e descartando sentimentos, sensações, momentos. Será que eu também sou assim?
Recentemente passei por uma situação
constrangedora. Foi mais para os outros do que para mim. Tive uma reconciliação
de um relacionamento feita para “todo mundo” ver e testemunhar. Era amor demais
propagado, jurado, incentivado. Uma cena que já havia visto dezenas de vezes.
Recebi felicitações, flores, mensagens de boa sorte de “todo mundo”. E aí o que
era de vidro se quebrou e houve uma infinidade de cenas nada humildes. “Todo
mundo” que havia torcido antes e mandado infinitas mensagens, voltou a se
manifestar no sentido contrário. As pessoas ficaram constrangidas, eu acabei
ficando também. Mas a história foi descartada. Eita! Eu disse descartada?!
Não deu certo, a relação foi
descartada. Simples. Pra quê ficar se preocupando com o outro, com o sentimento
do outro, com as memórias daquela relação, com os anos que ela tinha? Descarta
isso, joga no lixo, não tem mais serventia. Falando assim soa feio, né? É que
usar alguma coisa e depois jogar fora porque ela não tem mais serventia é
egoísmo puro, revela-nos uma pessoa ruim. Mas essa geração somos nós.
Eu que me via julgando, agora percebo
que descartei. Joguei fora. Nada daquilo me interessa viver ou saber ou
lembrar. Não me interessa mais. Mas não quero mais ser assim. Quero conquistar
o que realmente me agrada. Não quero mais comprar uma bota só porque achei
bonita na revista e descartar porque não ficou bacana em mim. Agora vou à loja,
experimentarei a bota, pedirei a opinião das pessoas que se importam comigo e,
só então, levarei para casa. Chega de bota descartada dentro do meu armário!
Alguma coisa está errada. Ou estamos
descartando sem responsabilidade ou estamos tomando decisões precipitadas. Não
precisa dizer que ama alguém, quando na verdade a gente ainda nem aprendeu a se
amar; não precisa casar com alguém quando a gente ainda nem aprendeu a casar
consigo; não precisa fazer juras ao outro, quando ainda mentimos para nós mesmos.
Não devemos comprar uma calça rosa só porque a blogueira de sucesso disse que
está na moda. Ou então, a gente compra a calça, veste uma vez, acha ridículo e
descarta; Ou ainda usa a calça uma, duas, três vezes. Aí alguma amiga fala que
a calça não está mais na moda e a gente descarta.
Precisamos aprender a ter
responsabilidade sobre nossas escolhas. Querer alguma coisa ou alguém para
depois descarta-la não nos está deixando gatinhos, mas revelando-nos uma
geração mal vista. Um povo egoísta e egocêntrico. Gente que se basta, mas que
na verdade nem se conhece.
Investir em terapia seria
maravilhoso. Poderíamos reconhecer as nossas fraquezas e inclinações e daí
saber porque descartamos. Porque cativamos e depois jogamos fora, porque
conquistamos e depois descartamos. Cursos, projetos, lugares, sentimentos,
pessoas, animais, objetos. Se nada disso nos interessa, nem nos questionamos o
porquê, deixamos de lado. E reiniciamos outro ciclo de conquista-usa-joga fora.
Geração mais careta essa nossa!
De fato Mai! Eu já havia percebido isso nessa nossa geração!
ResponderExcluirDe fato Mai! Eu já havia percebido isso nessa nossa geração!
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